Henrique Stumm em “o caso da Lucy”

23/10/2013 16:28

 

 

Vejo o (nosso) caso da Lucy como sendo de uma jovem moça que está duplamente frustrada. Uma porque percebe que não está trabalhando e tendo sucesso profissional como esperava (considerando que ela pensa ser uma pessoa especial); Outra porque tem a impressão de que a maioria das outras pessoas, inclusive seus amigos, estão felizes com o sucesso no trabalho, no namoro, com o carro novo, com a festa bacana, etc.. pois é assim que se mostram nas redes sociais e na mídia. 

 Em nossa palestra, trouxemos a personagem Lucy para ser ajudada pelos (em torno de 100) jovens e adolescentes da platéia na ABC vida .

A idéia era interagir de qualquer forma com a Lucy, e começamos a brincadeira com alguns corajosos subindo ao palco para darem conselhos à nossa protagonista:

1) Pare de se iludir! Você não é tão especial assim; O que as pessoas põem no facebook é meio mentira (nem tudo é verdade), não dê tanto crédito.

2) Se esforce mais! Pare de gastar tanto tempo no Facebook e estude mais. Se quiser ter um emprego melhor vai ter que se esforçar para isso.

Mas nós já ouvimos esse discurso antes, aliás ouvimos todos os dias: "Para ser alguém na vida você deve se esforçar, nada vem de graça". Como se o seu sucesso ou fracasso dependessem exclusivamente de você. Se ainda não alcançou o sucesso a culpa é sua, se esforce mais. Aliás, felicidade e sucesso profissional são praticamente a mesma coisa, e “ser feliz é o que importa!”

Pobre Lucy, me deu uma pena dela. O pessoal até tentou falar com jeitinho, com carinho (um rapaz até se ofereceu como um tipo de psicólogo), mas no fundo a mensagem foi transmitida: “Você é só uma jovem em início de carreira como todos os outros.”

Minha impressão foi de que a Lucy ficou se sentindo pior. Levou um tipo de “choque de realidade”. Mais choque do que realidade!

O choque veio com o esclarecimento de que algumas coisas não são bem como Lucy acha que são.

A realidade é que ficou difícil enxergar, afinal o que de fato significa “se esforçar pra conseguir”? por acaso Lucy já não estaria se esforçando? Ela arrumou um emprego, não seria isto já a colheita do esforço dela? Seria este emprego de fato ruim?

Em todo caso, se Lucy pudesse te ter como espelho e pudesse mirar em você, sem ouvir sua voz, só visse seu exemplo, o que ela aprenderia?

E você, em quem se espelha? Quem se espelha em você?

Quão limpo e claro está o espelho? 

  • Henrique Stumm.
  • Psicólogo, psicodramatista e diretor da vivência interativa com a Lucy.

 


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